O que você precisa saber sobre secreções e feridas
Por Suprevida
A cicatrização é um dos muitos e maravilhosos processos que acontecem no nosso corpo. Você machucou a pele? Não tem jeito. O seu organismo começa a fazer a sua mágica para que aquela lesão fique curada dali uns dias ou semanas. Com a ajuda dos curativos, que ajudam a prevenir infecções, logo a ferida está fechada.
Acontece que nem sempre as coisas saem como o esperado e a lesão pode levar uma eternidade para cicatrizar ou simplesmente não cicatrizar, gerando o que os médicos chamam de ferida crônica. Dados do INSS de 2015 dão conta de que, naquela época, 5 milhões de brasileiros conviviam com feridas crônicas, a 10a maior causa de afastamento no trabalho.
Vários fatores afetam a cicatrização, entre eles as condições de saúde de quem se machucou. Veja só:
1. Hormônios masculinos
Homens idosos têm mais dificuldade de cicatrização do que mulheres idosas porque os hormônios masculinos, principalmente a testosterona, que são produzidos em menor quantidade com o passar dos anos, vão tornando o fechamento da ferida mais e mais difícil.
2. Estresse
O estresse faz mal à saúde como um todo. Vários estudos já mostraram que ele também desregula o sistema de defesa do corpo, que precisa estar funcionando bem para que a cicatrização aconteça.
3. Obesidade
Assim como o estresse, a obesidade faz mal à saúde. Sabe-se que pessoas obesas, principalmente obesos mórbidos, têm dificuldade de cicatrização. Excesso de peso afeta negativamente o sistema de defesa do corpo, aumentando as chances de haver infecção. E infecção desacelera e até impede o fechamento da ferida. Além disso, muitos obesos convivem com diabetes 2 ou 1, o que, por si só, já é um motivo pelo qual a ferida demora a fechar.
4. Diabetes
O diabetes é causado pela incapacidade do corpo produzir ou usar a insulina. Quando isso acontece, o açúcar, que deveria ser carregado para dentro das células com a ajuda da insulina para gerar energia para elas funcionarem, fica circulando no sangue. Por isso as taxas de açúcar em quem tem a doença, a famosa glicemia, são altíssimas.
Acontece que níveis altos de açúcar também fazem o sistema de defesa funcionar abaixo do esperado, dificultando a chegada de oxigênio e de nutrientes nas células – essencial para a cicatrização, pois no local da ferida se formarão novas células. Glicemia alta também aumenta os processos inflamatórios no corpo, o que atrapalha e mesmo impede o fechamento da ferida.
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5. Idade
Idade avançada é outra coisa que dificulta a cicatrização. Primeiro, idosos fabricam bem menos colágeno, fundamental para que o tecido machucado se regenere. Além disso, a pele perde elasticidade, o que torna mais difícil que ela volte a ter a mesma cor e aspecto de antes. Por isso, idosos têm mais probabilidade de ficarem com cicatriz, mesmo que o machucado não tenha sido sério. Mais: idosos têm mais chance de conviver com uma série de doenças que dificultam a cicatrização. O diabetes, por exemplo.
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Está drenando líquido da ferida? Ótimo!
Líquidos que extravasam da ferida são parte do processo de cura. O tipo de secreção que drena do machucado costumam indicar que ela está cicatrizando bem e sem nenhuma complicação, mas, dependendo da aparência, pode ser sinal de que há uma complicação mais séria, que demanda uma providência igualmente mais séria.
Essas secreções que escoam do machucado nada mais são do que líquidos produzidos pelo corpo como resultado do trauma gerado no tecido e do próprio processo de cicatrização. Para que você se recupere mais rapidamente, é importante que exista pelo menos um pouco de fluido. Manter o local da ferida úmido, ao contrário do que a crença popular afirma, é importante para a boa cicatrização. Portanto, nada de querer deixar a ferida “respirar”. Ela pode secar!
Assim, é importante colocar um curativo adequado sobre a lesão. As coberturas são feitas para dar conta de diferentes quantidades de fluidos, ou exsudatos, como os especialistas chamam. A ideia é que elas consigam absorver o excesso de secreção, porém mantendo aquele ambiente úmido, condição essencial para que a ferida cicatrize.
Gaze, por exemplo, geralmente não é indicada para cobrir feridas, porque ela costuma secar rápido, provocando o ressecamento do machucado e podendo até machucar ainda mais o local quando ela for removida. É importante que um especialista analise o seu caso. Só olhando para a sua ferida ele conseguirá indicar o melhor tipo de curativo para você.
Quantidade e qualidade de fluidos variam muito
Várias coisas podem influenciar a produção de exsudatos. A instalação de micróbios no local da ferida é uma delas. Um segundo trauma no local em que você se feriu é outra (você sem querer bater o local da ferida num móvel, por exemplo), assim como a existência de inflamação.
Pouca produção de fluidos, acredite, não é exatamente bom. Isso significa que o curativo está seco ou praticamente seco, algo que não contribui para a cicatrização. Agora, se o curativo está ensopado, geralmente é sinal de alerta, de que ali se instalou uma infecção, especialmente se o exsudato tem cheiro ruim.
Pode ser também um indicativo de que você não está trocando a cobertura como deveria. Cada tipo de curativo tem uma indicação de troca diferente. O especialista certamente orienta sobre as trocas.
Que tipos há?
Há 5 tipos principais de secreção, que variam de acordo com a consistência, o cheiro e a cor. Confira:
1. Purulenta – Pus é sinal de infecção por bactérias. É grossa e geralmente tem uma coloração esverdeada ou amarelada.
2. Sorosanguinolenta – Costuma apontar que vai tudo bem. A secreção é fininha e tem um tom meio rosado ou avermelhado, pois é uma mescla do fluido normalmente produzido pelo corpo (o plasma sanguíneo) com um pouco de sangue.
3. Soropurulenta – Indica que há um quadro infeccioso por ali, ainda que não tão grave. Costuma ter uma coloração amarelada.
4. Serosa – Tudo depende da quantidade que drena do local da ferida. Se dali estiver drenando muita secreção serosa, que é clarinha, é sinal de que há infecção séria. Nesse caso, é preciso atenção, pois o excesso de umidade no local da ferida pode levar a pele a ficar macerada.
5. Sanguinolenta – Indica que está havendo extravasamento de sangue durante o processo de cicatrização e que, portanto, deve haver trauma em algum ou alguns vasos sanguíneos ali no local. Ela é comum quando a ferida é profunda.
O que fazer
Tudo vai depender do tipo de secreção que está drenando da ferida. Se os fluidos indicam a presença de alguma infecção, é preciso ir direto na causa, porém, só o seu médico poderá dizer que medidas tomar para combater a invasão de bactérias. Talvez seja preciso você tomar antibiótico, talvez seja preciso usar uma pomada específica ou mesmo trocar o tipo de curativo. Não tente, você, inventar a roda. Procure o auxílio de um profissional, especialmente se você convive com alguma doença crônica como o diabetes.
Converse com o seu médico, pois ele poderá orientá-lo sobre que curativos se aplicam ao seu caso.