Ter uma doença cardíaca pode tornar outras cirurgias mais arriscadas
Por Robert Preidt
Pacientes cardíacos podem enfrentar uma chance maior de complicações cardiovasculares após uma grande cirurgia que não envolve o coração, sugere uma nova pesquisa.
Vinte por cento desses pacientes tiveram problemas cardíacos um ano após a cirurgia, descobriram os pesquisadores.
"Nosso estudo revela uma probabilidade maior de ter problemas cardíacos ou morrer após uma cirurgia não cardíaca do que foi reconhecido até agora", disse o autor do estudo, Dr. Christian Puelacher, da Universidade de Basel, na Suíça. “Os pacientes também correm risco por um período mais longo do que se pensava”.
O estudo incluiu pessoas de 65 a 85 anos e aquelas de 45 a 64 anos com doenças cardíacas. Todos os pacientes foram submetidos a cirurgias não cardíacas - visceral, ortopédica, trauma, vascular, urológica, espinhal e torácica - que os obrigou a permanecer no hospital por pelo menos uma noite.
Após a cirurgia, os 2.265 pacientes foram acompanhados por um ano para ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, distúrbios do ritmo cardíaco e morte por doença cardíaca. Exames de sangue para troponina - uma proteína que é elevada no sangue quando o músculo cardíaco é lesado - foram usados para verificar ataques cardíacos assintomáticos.
Cerca de um em sete pacientes (15%) teve pelo menos uma complicação cardíaca em 30 dias. A incidência de 30 dias de complicações cardíacas foi maior em pacientes submetidos à cirurgia torácica (22%), seguida de cirurgia vascular (21%) e cirurgia de trauma (19%). Um em cada cinco pacientes (21%) teve pelo menos uma complicação cardíaca em um ano.
Os resultados foram publicados em 15 de outubro no European Heart Journal - Acute Cardiovascular Care.
"Este foi um dos primeiros estudos a monitorar pacientes para ataques cardíacos assintomáticos após a cirurgia", observou Puelacher em um comunicado à imprensa.
"Esses pacientes estavam em maior risco de eventos subsequentes. Um terço dos pacientes que tiveram um ataque cardíaco assintomático passou a ter pelo menos mais uma complicação cardíaca, em comparação com apenas 10% daqueles que não tiveram um ataque cardíaco assintomático”,ele disse.
"Nosso estudo sugere que medir os níveis de troponina antes da cirurgia e por dois dias depois pode identificar esses pacientes e fornecer uma oportunidade para prevenir complicações futuras e morte", acrescentou Puelacher.
Os pesquisadores não investigaram o que os pacientes podem fazer para melhorar seus resultados.
"A cirurgia é um processo, e não uma solução rápida. Não adie a cirurgia, mas se houver tempo e você quiser se preparar, pare de fumar, seja fisicamente ativo e se alimente de forma saudável para que seu corpo fique em melhor forma", disse Puelacher.
Encontre seus produtos para saúde e receba em todo Brasil.