Nutrição enteral: como escolher a fórmula adequada?
Como escolher a melhor fórmula para nutrição enteral?
São tantas as fórmulas para nutrição enteral hoje no mercado, que pode ser complicado escolher a que melhor atende a sua situação ou a de um ente querido. Fica mais difícil ainda se a pessoa tem duas ou mais doenças. Imagine ter que selecionar a fórmula certa quando se tem, ao mesmo tempo, diabetes, úlcera por pressão, um histórico de constipação e se está obeso?
Antes de se decidir por uma fórmula, é importante ter algumas questões em mente, que devem, sim, ser consideradas e discutidas com o médico ou o nutricionista.
- O trato gastrointestinal da pessoa doente está funcionando? Isso é fundamental, pois a nutrição enteral só se presta a quem um trato gastrointestinal que minimamente ainda funciona. Por exemplo: se a pessoa não consegue engolir, mas o seu estômago ainda funciona, o tubo que vai carregar a fórmula pode ser dirigido diretamente para o estômago. Agora, se o estômago dela não funciona, mas o intestino sim, o tubo pode ser colocado diretamente no primeiro trecho do intestino delgado (o duodeno) ou no segundo trecho (o jejuno).
- Quantas calorias e quanto líquido a pessoa necessita para atender as suas necessidades nutricionais? É bom lembrar que muitos idosos sofrem com desnutrição, portanto, para eles será necessário uma dose extra de calorias.
- A pessoa precisa de uma quantidade maior de proteínas? Acamados que sofrem com úlceras por pressão geralmente necessitam de um teor de proteínas aumentado. Há fórmulas, por exemplo que chegam a fornecer elevados níveis de proteína – 25%, contra os 15% encontrados nas fórmulas tradicionais.
- A pessoa tem alguma doença que exige que a nutrição seja especializada, como, por exemplo, insuficiência renal, doenças hepáticas ou diabetes? As fórmulas para diabetes, por exemplo, são compostas por carboidratos complexos, que levam mais tempo para ser digeridos, lançando a glicose no sangue mais lentamente. Além disso, eles costumam ter alto teor de fibra, que ajuda a manter as taxas de açúcar no sangue sob controle.
- A pessoa consegue engolir alguma quantidade de comida pela boca ou não? Há risco de que ela aspire o conteúdo da nutrição enteral? Se sim, provavelmente será melhor que o alimento seja administrado pelo tubo de forma contínua, ou seja, mais lentamente.
- A pessoa tem alguma alergia ou intolerância alimentar, como por exemplo, à lactose, à soja, a glúten, ovos ou frutos do mar?
- A pessoa está tomando algum medicamento que possa interagir com algum dos ingredientes da fórmula? Isso é algo que se deve dar bastante atenção e que, na maior parte das vezes, a maioria de nós esquecemos.
- A pessoa tem alguma complicação que tenha gerado problemas de absorção de nutrientes? Algumas fórmulas contêm proteína hidrolizada, ou seja, já quebrada. Elas são voltadas justamente a pessoas com problemas de má absorção ou que têm dificuldade para digerir os nutrientes, por exemplo, quem tem pancreatite, doença de Crohn ou problemas de esvaziamento gástrico.
- Dada a sua condição, a pessoa pode se beneficiar de ingredientes na fórmula como arginina, glutamina ou prebióticos? Há fórmulas que podem beneficiar quem convive com feridas crônicas ou úlceras por pressão, fornecendo altos teores de proteína, associados a nutrientes como arginina e glutamina, que ajudam na cicatrização.
- A pessoa consegue tolerar a administração de um grande volume de fórmula de uma só vez ou ela só consegue tolerar pequena quantidade – administrada mais lentamente, durante um longo período de tempo?
- A pessoa sofre com diarreia ou constipação? Se sim, será importante observar o conteúdo de fibras da fórmula. Maior teor de fibras é sempre uma boa opção para pessoas com prisão de ventre e menor, para quem tem o intestino solto.