Coronavírus grávidas têm mais chance de ficarem doentes
Por Suprevida
Coronavírus: grávidas têm mais chance de ficarem doentes?
Muitas mulheres que estão grávidas ou estão planejando ficar grávidas nos próximos meses devem estar se perguntando: eu tenho mais chance de desenvolver a forma mais grave do COVID-19? Eu sou grupo de risco?
Diferentemente das diretrizes mundiais para pessoas com 60 anos e com doenças crônicas, as recomendações para as gestantes ainda não estão bem claras, porque ainda se sabe pouco sobre o vírus.
Claro, sabe-se muito dado o pouco tempo que a ciência teve para estudar o SARS-CoV-2 e a doença que ele causa, mas falta muito a descobrir e para determinados grupos, como é o caso das grávidas, simplesmente ainda não existem dados nem pesquisas suficientes para que se possa tirar uma conclusão definitiva.
Agências governamentais de saúde de diferentes países têm passado informações variadas sobre o novo coronavírus e a gravidez. Algumas dizem que as pessoas grávidas são definitivamente de alto risco. Outras, que elas podem estar em maior risco.
Os CDC, os Centros de Controle e Prevenção e Doenças dos EUA, uma das mais respeitadas agências de saúde do mundo, por exemplo, colocam as grávidas, juntamente com asmáticos e pessoas com HIV, na categoria "não se sabe ainda se elas têm mais chance de serem infectadas ou desenvolverem a forma grave da doença". Mas a agência até agora não forneceu dados sobre grávidas que contraíram o vírus.
A Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), recomenda que os médicos orientem as gestantes de acordo com as evidências científicas disponíveis até este momento. Eis o que a ciência já conseguiu descobrir:
1. Risco igual de infecção
Gestantes não parecem ter mais risco de serem infectadas do que o resto de nós.
2. Em princípio, mãe não transmite o vírus para o filho no útero - Uma pesquisa feita em janeiro Wuhan, a cidade onde o vírus apareceu pela primeira vez, acompanhou 8 mulheres grávidas que tinham contraído o vírus. Nenhuma desenvolveu a forma grave e todos os bebês nasceram saudáveis. Isso significa que não houve transmissão da mãe para o bebê ainda no útero.
Os cientistas ressaltam, entretanto, que o número de casos analisados ainda é pequeno e que esses estudos tiveram curta duração. São necessários um maior número de casos para avaliar melhor a segurança das grávidas e dos recém-nascidos.
3. Alterações hormonais na gravidez tornariam as grávidas mais suscetíveis a infecções - Durante a gravidez, as mulheres passam por diversas mudanças hormonais no primeiro trimestre de gestação, que tornam o seu sistema de defesa mais fraco em alguns momentos.
Numa explicação bem simplificada, é como se o corpo delas fosse se adaptando à chegada de um novo corpo estranho que foi se instalar no útero (o feto) e, em determinados momentos, o organismo da mãe tivesse que reduzir a ação do sistema imunológico para que ele não “ataque” o feto.
Por isso, com vírus da mesma família que o COVID-19 e vírus que causam outras infecções respiratórias, como a gripe, mulheres têm um risco maior de desenvolver a forma grave dessas doenças.
É por esse mesmo motivo que elas são consideradas grupo de risco nas campanhas de vacinação. Seria por essa razão que elas seriam potencialmente mais suscetíveis de ficarem gravemente doentes, principalmente se elas tiverem alguma doença crônica como diabetes ou hipertensão. Assim, elas deveriam ser consideradas grupos de risco também, diz um comentário publicado na prestigiosa revista médica The Lancet.
4. Transmissão pode ocorrer após o parto - A transmissão do novo coronavírus pode se dar imediatamente após o parto, quando o bebê está próximo a alguém que tem a doença – pode ser a própria mãe. Já houve um caso assim no mundo.
A SOGESP recomenda:
• Assim como nós, TODAS as grávidas têm que seguir à risca todas as medidas de prevenção: lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool gel, não compartilhar objetos pessoais, manter os ambientes ventilados e evitar aglomerações.
• Se por acaso tiverem algum sintoma como febre, tosse, dificuldade para respirar, congestão nasal ou conjuntival, dificuldade para deglutir, dor de garganta, dores musculares, devem procurar seu médico inicialmente pelo telefone. Só ele poderá dizer se é o caso de ela buscar um hospital ou não. Em princípio, gestantes não devem ir ao consultório ou no hospital sem terem conversado antes com um profissional de saúde.
• A recomendação para as grávidas infectadas pelo novo coronavírus é repouso, remédio para aliviar os sintomas, hidratação e isolamento. Remédios só os prescritos pelo médico porque muitos remédios podem afetar o bebê. Então, só com prescrição!
• Agora, se os sintomas pioraram, isto é, elas passaram a ter febre persistente, que não passa nem com remédio, aumento dos batimentos cardíacos, dor no peito, cansaço ou falta de ar, devem ir imediatamente para o hospital.
E na hora do parto?
Se a gestante não tiver a doença, tudo permanece igual. Agora, se ela estiver com COVID-19 confirmado, a recomendação é que o parto aconteça em um ambiente isolado.
Se por acaso ele estiver com a forma mais grave as doenças, os médicos podem recomendar antecipar o parto para melhorar o quadro da mãe. Não existe nenhuma indicação de uma forma de parto seja melhor do que a outra, portanto, se a mãe quer ter parto normal, pode manter a sua programação.
Posso passar coronavírus para o meu bebê amamentando?
Alguns vírus são transmitidos pelo leite materno, como o HIV. Mas ainda não existem indícios de que o novo coronavírus possa ser passado através da amamentação.
Por isso, o conselho para as mães saudáveis é que continuem a amamentar seus filhos, até porque o leite materno aumenta a imunidade da criança. Mas é importante lembrar de lavar bem as mãos com água e sabão antes de amamentar.
Agora, se por acaso a mãe começar a desenvolver algum sintoma de gripe, tosse ou mesmo febre baixa, ela deve tirar o leite com a bombinha (sempre lembrando de lavar bem as mãos antes) e pedir a alguém na casa que amamente a criança para que ela possa fazer o auto-isolamento até que se sinta melhor.
Uma medida importante é, junto com o médico, traçar um plano B caso a mãe ou alguém que vive na casa fique doente. Por exemplo, se o companheiro ou companheira dela adoece e precisa se auto-isolar, existe outro cuidador que pode intervir para ajudar a mãe cuidar do recém-nascido e uma mãe?
Ajuda para os médicos
O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia e a Sociedade de Medicina Materno-Fetal desenvolveram um algoritmo para ajudar os profissionais a avaliar pacientes grávidas. É um fluxograma colorido que ajuda os médicos através de várias perguntas a avaliar a saúde e o potencial de risco de uma paciente, informa o The Intercept.