Como as alterações no açúcar no sangue afetam o pensamento em pessoas com diabetes tipo 1

Há muito se sabe que as flutuações nos níveis de açúcar no sangue podem afetar as habilidades de pensamento das pessoas com diabetes tipo 1.

Novas pesquisas mostram como a cognição é afetada e como esses impactos variam entre as pessoas.

Pessoas com diabetes tipo 1 parecem estar no pico cognitivo quando o nível de açúcar no sangue está apenas um pouco acima do normal, descobriu o estudo.

Em pessoas com diabetes tipo 1, as flutuações nos níveis de açúcar no sangue podem afetar as habilidades de pensamento de várias maneiras, mostra uma nova pesquisa.

Os pesquisadores analisaram especificamente o que é conhecido como velocidade de processamento cognitivo (a rapidez com que as pessoas processam as informações recebidas) e a atenção.

“Nossos resultados demonstram que as pessoas podem diferir muito umas das outras na forma como seus cérebros são afetados pela glicose”, disse a coautora sênior do estudo, Laura Germine.

“Descobrimos que minimizar as flutuações da glicose na vida diária é importante para otimizar a velocidade de processamento, e isso é especialmente verdadeiro para pessoas mais velhas ou que têm outros problemas de saúde relacionados ao diabetes”, disse Germine.

Ela dirige o Laboratório de Tecnologia de Saúde Cerebral e Cognitiva do McLean Hospital, em Boston.

De acordo com os pesquisadores, há muito se sabe que grandes quedas ou picos nos níveis de açúcar no sangue podem prejudicar o raciocínio em pessoas com diabetes tipo 1. Mas até que ponto isso acontece e difere entre as pessoas?

Para descobrir, eles usaram sensores digitais de glicose vestíveis e testes cognitivos baseados em smartphones para coletar dados de 200 pessoas com diabetes tipo 1 durante o dia.

Ao longo de 15 dias, os dados sobre os níveis de açúcar no sangue de cada pessoa foram coletados através dos sensores a cada cinco minutos. Os participantes completaram os testes cognitivos três vezes por dia.

Como esperado, as habilidades cognitivas diminuíram quando os níveis de açúcar no sangue estavam muito baixos ou muito altos, descobriu a equipe de Boston. No entanto, os declínios só foram observados no que diz respeito à velocidade de processamento, e não à atenção.

Eles teorizaram que as velocidades de processamento podem reagir a mudanças rápidas e momentâneas nos níveis de açúcar no sangue, enquanto a atenção só pode ser afetada por altos ou baixos de longo prazo.

A equipe também descobriu que certos tipos de pacientes com diabetes tipo 1 – adultos mais velhos ou pessoas com certos problemas de saúde, por exemplo – eram muito mais vulneráveis do que outros aos efeitos dos níveis de glicose na função cerebral.

As descobertas foram publicadas na revista npj Digital Medicine.

“Ao tentar entender como o diabetes afeta o cérebro, nossa pesquisa mostra que é importante considerar não apenas como as pessoas são semelhantes, mas também como elas diferem”, disse a principal autora do estudo, Zoë Hawks, em um comunicado à imprensa do McLean Hospital. Ela é pesquisadora da McLean.

Houve uma descoberta surpreendente: as pessoas com diabetes tipo 1 tendiam a atingir o pico do desempenho intelectual quando os seus níveis de açúcar no sangue eram ligeiramente superiores ao intervalo normal.

“Esta foi uma descoberta importante, porque as pessoas com diabetes muitas vezes relatam sentir-se melhor com um nível de glicose superior ao considerado saudável”, disse Naomi Chaytor, co-autora do estudo e professora de medicina na Universidade Estadual de Washington.

“Pode ser que seu cérebro se habitue a um nível de glicose ao qual está acostumado”, acrescentou ela. “Portanto, o próximo passo nesta pesquisa é ver se o nível de glicose associado ao desempenho máximo muda para a faixa normal quando o a quantidade de tempo gasto acima da faixa é reduzida.”

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Escrito por: Ernie Mundell