Atenção aos sintomas da COVID-19. Eles podem ser muito mais diferentes do que você imagina
Por Suprevida
Quando a COVID-19 começou a se tornar um surto na China, antes mesmo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar uma pandemia, o que se falava era que os sintomas da COVID-19, a doença causada pelo novo coronavírus, lembravam os da gripe.
À medida que a doença foi avançando no mundo e o número de casos cresceu, pesquisadores começaram a relatar mais sintomas. Para que se tenha uma ideia, no dia 27 de abril, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, uma das mais respeitadas instituições de saúde do mundo, listaram nove sintomas de coronavírus, que tendem a aparecer cerca de 2 a 14 dias após uma pessoa ter sido infectada: febre, tosse seca, falta de ar ou dificuldade em respirar, arrepios; calafrios, dor muscular; dor de cabeça, dor de garganta e perda de paladar ou olfato.
Esses sintomas, dizem o CDC, são sinais de que você deve procurar atendimento médico imediato, principalmente se estiver com dificuldade para respirar, com dor ou pressão persistente no peito ou com os lábios ou rosto azulados, sinal de que os níveis de oxigênio no sangue estão baixos.
A perda de olfato foi acrescentada como um dos sintomas da COVID-19 mais recentemente pelos médicos. Um estudo feito por pesquisadores italianos e publicado na conceituada revista médica JAMA aponta que a perda de olfato e de paladar está entre os principais sintomas da COVID-19.
Segundo os cientistas, 65% dos infectados estudados relataram alteração no paladar ou no olfato ou em ambos os sentidos antes ou logo depois de serem diagnosticados com a COVID-19. Perda de paladar e olfato é extremamente rara em outros tipos de vírus.
Outros sintomas
Seis meses depois do aparecimento dos primeiros casos e com milhões de pessoas no mundo infectadas, o que os médicos e cientistas estão percebendo é que a lista de sintomas de coronavírus é muito maior do que eles imaginavam.
Com o vírus e as pesquisas se movendo a uma velocidade vertiginosa, os pesquisadores estão observando mais e mais sintomas. Já existem fortes evidências de que a doença se apresenta de maneira diferente dependendo da idade do paciente.
Por exemplo, a doença parece se tornar mais grave com a idade. Crianças, por outro lado, parecem ser menos suscetíveis a apresentar sintomas visíveis. Mas aqui vão dois alertas:
a) embora sem sintomas, crianças são vetores da doença, ou seja, passam a seus entes queridos mais velhos ou não sem que ninguém desconfie que elas estão com o vírus
b) um estudo recente publicado na revista Pediatrics com 2.000 crianças que tiveram teste positivo para COVID-19 descobriu que 6% desenvolveram doenças graves ou críticas.
Muitos desses sintomas novos ainda afetam um número considerado pequeno de pessoas, felizmente, mas eles devem ser levados em conta, dizem especialistas.
Cientistas e médico hoje concordam: não dá mais para falar que a COVID-19 é uma doença respiratória, mas sim é uma doença sistêmica, que ataca vários órgãos e sistemas do nosso corpo.
Conheça alguns dos sintomas incomuns da COVID-19:
1. Derrames e coágulos sanguíneos
Esse é um sintoma que tem sido visto em jovens adultos e adultos abaixo de 50 anos: coágulos sanguíneos perigosos, mesmo entre pacientes que normalmente não corriam risco de tê-los.
Embora a probabilidade de jovens adultos sofrerem um derrame como resultado da COVID-19 seja baixa, os resultados publicados na revista Thrombotic Research mostraram 31% dos pacientes com COVID-19 em UTIs na Holanda sofreram "complicações trombóticas".
Nos Estados Unidos, o aumento do número de casos de jovens e adultos com AVC foi tão grande e tão rápido que a Organização Mundial do AVC afirmou que é fundamental neste momento que os médicos compartilhem informações.
2. Dedos de COVID
É comum que alguém que tenha sido infectado por um vírus tenha uma erupção cutânea. O exemplo mais clássico é a catapora, que causa aquelas brotoejas pelo corpo.
Mas o que os cientistas notaram agora é um grande número de pessoas infectadas com o SARS-Cov-2, mesmo aquelas que não tem outros sintomas, com erupções nos pés. Foram tantas as pessoas – principalmente jovens –, que os médicos começaram a chamar essa manifestação de “dedo de COVID”.
Essas erupções parecem com frieira e podem aparecer nas mãos e nos pés, causando coceira ou dor.
3. Hipóxia silenciosa
Embora a dificuldade para respirar seja um dos sintomas mais falados e conhecidos da COVID-19, muitas pessoas infectadas têm apresentado níveis extremamente baixos de oxigênio no sangue sem ter falta de ar. Os cientistas ainda estão investigando por que a COVID-19 causa essa forma incomum de hipóxia, ou seja, baixos níveis de oxigênio no sangue.
4. Delírio
Desorientação, confusão mental e delírio são sintomas que têm sido observados em idosos e em um número ainda pequeno de doentes graves. Vários médicos também têm alertado que esses problemas mentais também podem surgir depois que o doente se recuperou.
Estudando o que aconteceu com pessoas que tiveram SARS e MERS, duas outras doenças que são causadas por diferentes tipos de coronavírus, eles perceberam que pacientes recuperados tiveram vários distúrbios mentais meses depois, como depressão, ansiedade, fadiga, estresse pós-traumático.
Especialistas acham que algo parecido deve ocorrer com a COVID-19, até porque o número de afetados é gigantesco.
Os delírios que acometem os idosos são motivo de tanta preocupação que pesquisadores do Hospital da Universidade de Lausanne, na Suíça, chegaram a publicar diretrizes clínicas no Revue Medicale Suisse para diagnosticar pacientes idosos com COVID-19.
Os sintomas comuns que eles destacam incluem quedas e delírio. A relação entre infecções como as do trato urinário e delírio em pessoas idosos é bem conhecida pelos médicos.
5. Problemas gastrointestinais
Pesquisadores da Califórnia, que publicaram seu estudo de 116 pacientes COVID-19 na revista Gastroenterology em abril, descobriram que 32% das pessoas experimentaram sintomas gastrointestinais leves (GI), que incluíam perda de apetite, náusea e diarréia. Sabe-se que o SARS-CoV-2 se liga a um tipo de receptor existente na parede das células que é abundante no trato gastrointestinal e em outras partes do corpo, o que pode explicar a enorme variedade de sintomas da COVID-19.